Um pedido ressoa por todos os lados: Fique em casa! Nos primeiros dias, seguir essa recomendação parecia fácil. Para alguns, significou tempo livre para maratonar séries. Para outros, chance de “emendar” o dia na noite e dormir mais de 12 horas seguidas.
Mas, assim que a primeira semana de distanciamento social passou, muitos já se sentiam em uma prisão dentro das próprias casas. Nas redes sociais, uma infinidade de lives e cursos gratuitos imperdíveis. No home office, muitas tarefas e estudo acumulado para colocar em dia. Na TV, um número maior de casos de COVID-19 a cada instante. Na cozinha, crianças correndo, familiares conversando alto. Entra dia, sai dia e você nem sabe mais se é sexta ou segunda-feira. Vontade de aproveitar todas as oportunidades, vontade de se desligar de tudo, vontade de encontrar os amigos, vontade ,vontade, vontade… Como digerir tudo isso?
Segundo a professora do curso de Psicologia na UniFTC de Vitória da Conquista Priscila Sales Figueira, é perfeitamente aceitável estarmos ansiosos no cenário que estamos vivenciando. “O que precisamos é, ao invés de ficar tentando fugir a todo custo da ansiedade, aceitar que temos o direito de nos sentir assim e a partir daí buscar manejar tudo isso da melhor forma possível”, orienta Priscila.
Evitar o excesso de informação é a primeira dica que a psicóloga compartilha. Ela reconhece que se distanciar do mundo digital é um desafio, mas afirma que “a gente precisa ter em mente que não precisamos estar conectados o tempo todo. Não precisamos saber de todos os casos confirmados da Covid-19, de quantas mortes”. A psicóloga acredita que essa “overdose” de informação gera pânico. Se possível, faça sua parte na prevenção e tente se tranquilizar!
Seguir a rotina é outra recomendação de Priscila. Além de ser uma forma de administrar o tempo, ajuda a tornar a situação um pouco mais previsível. Ela aconselha que as pessoas definam algumas atividades que devam ser cumpridas ao longo do dia, pois ao cumpri-las, vão se sentir felizes, devido à liberação da dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. No entanto, a professora enfatiza que é importante ter cuidado na quantidade de metas e no nível de dificuldade delas para não gerar o efeito contrário – frustração: “Tente estabelecer, em média, umas três atividades principais para o seu dia a dia, dentro de suas possibilidades, e lembre-se que você não precisa ser totalmente funcional nesse período. É normal também passar por dias ruins”.
Mantenha-se em movimento!
Parece controverso, mas não é! De acordo com o professor de Educação Física e especialista em Fisiologia do Exercício aplicado à grupos especiais, Luiz Henrique Oliveira de Jesus, também é aconselhável manter os treinos. Mas, claro, dentro de casa! “Uma dica é tentar compensar a ansiedade do “ócio compulsório” com exercícios físicos que podem ser feitos em casa, exercícios simples e que não precisam de espaços mega-estruturados, nem mesmo de aparelhos”, acrescenta o professor.
E, olha que legal, Luiz gravou vídeos ensinando alguns exercícios: https://www.youtube.com/channel/UCxAr_T0hDDj7NusQu-5wL1A
De olho na alimentação!
Muita gente está “enfiando o pé na jaca” quando o assunto é alimentação durante esse período de distanciamento social. Acabam descontando a ânsia na comida. A professora do curso de Nutrição Gabriela Madureira conta que o consumo de chás calmantes, como maracujá, melissa e camomila, pode ajudar a controlar essa agitação.
Gabriela também aconselha que seja evitada a ingestão excessiva de café, bebidas alcoólicas, assim como comidas industrializadas, gordura e açúcar. Quanto à vontade de comer doce, a nutricionista apresenta alternativas: “O ideal é substituir por frutas secas (2 unidades por dia) como tâmaras, damasco e ameixa seca. Uma banana picada na frigideira com uma colher de café de óleo de coco e canela em pó por cima também pode ser uma sugestão”. Para os chocólatras de plantão, que estão fazendo a festa com a proximidade da Páscoa, ela recomenda que seja dada preferência aos produtos com 70% ou mais de cacau.
Essas são recomendações técnicas para que você se mantenham saudável. Mas podemos voltar para a dica que demos antes: está tudo bem não cumprir 100% o que você programou ou que os especialistas aconselham como ideal. Se permita atravessar esse momento sem sentir culpa!
Mais orientações: Especialista dá dicas de cuidados com a alimentação durante a pandemia