A situação de emergência provocada pelo avanço da pandemia do novo coronavírus provocou diversas mudanças na vida dos brasileiros. Uma delas foi o distanciamento social, medida implementada com o intuito de diminuir o índice de pessoas contaminadas com a doença, que possui um alto poder de contágio. Por isso, as instituições de ensino, orientadas por uma portaria do Ministério da Educação (MEC), publicada em 18 de março, passaram a oferecer o conteúdo que seria dado em sala de aula por vias digitais, adotando ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) neste processo.
A adaptação impactou o ecossistema educacional, como afirma a psicóloga do curso de Medicina da UniFTC, Mirian Conrado. “No momento, essas mudanças estão mexendo diretamente no nosso estilo de vida, na nossa rotina e, principalmente, nas nossas escolhas. Por se tratar de uma mudança vinda de fora do nosso mundo particular – familiar e social, é normal que haja resistência, estranheza e questionamentos, justamente, porque está exigindo de nós um maior esforço para nos adaptarmos a elas”, descreve.
Ainda de acordo com a psicóloga, as circunstâncias proporcionaram uma experiência para o ambiente educacional, sendo esta uma oportunidade de quebrar paradigmas sobre a interação entre professor e o aluno no processo de ensino-aprendizagem. “Dessa forma, ocorre uma saída do modelo tradicional para uma nova forma de perceber e vivenciar outras possibilidades dentro de um modelo mais contemporâneo”, explica.
Diferença entre EAD e aulas remotas
A modalidade de ensino adotada pelo plano emergencial pedagógico é diferente do ensino à distância (EAD), por exemplo. Com as aulas remotas, o aluno acessa o ambiente virtual seguindo uma programação de horários e disciplinas. Esta plataforma permite maior interação entre o professor e o aluno, além de variar a forma de trabalhar o conteúdo, utilizando apresentações ou vídeos nas mídias sociais, desenvolvendo debates de temas, de acordo com a demanda da turma, em tempo real e dentro do distanciamento físico solicitado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Já na modalidade de ensino EAD, o professor e aluno não se encontram no mesmo local geográfico, as aulas são gravadas e disponibilizadas num ambiente virtual, tem mais flexibilidade, ou seja, o aluno pode assistir no horário que preferir.
A adaptação parece um desafio para alguns estudantes, mas seguir algumas dicas pode ser fundamental para ter um aproveitamento cada vez melhor durante este período. Criar uma rotina e eleger um lugar adequado para os estudos, são alguns exemplos.
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Ainda não se sabe como serão os impactos das mudanças quando a situação de emergência for normalizada, como afirma Mirian Conrado. “Por tudo que já observamos e temos de informação sobre as constantes mudanças políticas, econômicas, tecnológicas e sociais, que tem gerado novas tendências mundiais, a única certeza que podemos ter é que, cada vez mais, precisaremos fortalecer nossa capacidade de adaptação à nova dinâmica e velocidade que as situações se apresentam para nós e reagir a elas na mesma proporção”, comenta.
“Precisamos estar mais abertos a aprender, desaprender e reaprender todos os dias, desenvolvendo especialmente a capacidade de manter o equilíbrio emocional em situações desafiadoras. Essas qualidades permitirão equilibrar nossos interesses com os interesses dos outros, ou seja, equilibrar o interesse próprio com o bem comum, da coletividade, para que possamos ter um futuro sustentável”, conclui.