Como cuidar de pacientes hipertensos e diabéticos para reduzir os riscos da Covid-19? Para responder a este e outros questionamentos pertinentes ao período de pandemia, o Centro Universitário UniFTC de Salvador promoveu uma live sobre o assunto no último dia 20, exatamente na semana em que se comemorou o Dia Mundial da Hipertensão (17 de maio). A nutricionista Karine Beck, professora do curso de Nutrição do Centro Universitário de Salvador, destacou como essas doenças contribuem para o agravamento do quadro das pessoas infectadas pelo novo coronavírus.
Doutora em Alimentos, Nutrição e Saúde e especialista em tratamentos para pessoas com doenças crônicas não transmissíveis, Karine Beck explicou que as chamadas doenças crônicas são enfermidades que não possuem cura, mas não são transmissíveis, a exemplo de câncer, diabetes, hipertensão, doenças de coração de modo geral. Ela acrescentou ainda a obesidade, doença que vai levar ao desenvolvimento de outras complicações. “É comum que pacientes obesos também apresentem quadros de diabetes, hipertensão ou outra doença coronariana”, afirmou Karine Beck.
“A obesidade é considerada uma doença inflamatória de baixo grau, por conta das substâncias que estão circulantes na corrente sanguínea do indivíduo. Essas condições podem elevar a glicemia e provocar alterações na pressão arterial, que acabam levando a redução da imunidade, por isso, acabam aumentando o risco, especialmente no que se refere a complicações respiratórias”, explicou a nutricionista, alertando sobre os cuidados preventivos que devem ser tomados.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, entre os idosos, a doença crônica de maior prevalência é a hipertensão (58,8% em mulheres e 49% em homens). O diabetes ocupa o terceiro lugar entre os homens com 60 anos ou mais (21,5%) e o sétimo entre as mulheres (23,2%). Estas comorbidades têm sido as mais presentes nas condições que evoluem para os casos graves e de óbitos da Covid-19. “Por isso é extremamente importante tratarmos estes indivíduos, em especial para prevenir o contágio pela Covid-19”, destacou a nutricionista.
Karine Beck observou que essas pessoas estão estáveis, a evolução é melhor que quando a doença está em descontrole. “Por exemplo, um paciente com hipertensão usa medicamentos ao longo da vida. Se ele está estabilizado, o risco é menor. Um paciente diabético que tem a glicemia regularizada terá menor risco de complicações. Os riscos são aumentados em pacientes que a gente diz que estão descompensados, por isso é importante fazer o controle”, disse.
Imunidade e suplementação
Outra abordagem da nutricionista foi referente à redução da imunidade ocasionada pelas doenças crônicas. Sobre isso, ela explicou que o sistema imunológico ou imune garante a defesa do corpo contra infecções, sejam elas provenientes por qualquer tipo de invasor. “Ele é formado pela imunidade inata e adaptativa. A inata é uma resposta rápida, relacionada às barreiras físicas do nosso corpo, como a pele e células que protegem nosso organismo de uma invasão. O adaptativo é responsável pela produção dos anticorpos. Ele é um pouco mais lento, atua depois do sistema inato, e gera uma memória imunológica. Se esses indivíduos forem reinfectados, eles já têm a proteção inata por conta da produção dos anticorpos”, descreveu.
“Precisamos ter um sistema imunológico de boa qualidade para que ele possa produzir anticorpos de forma natural e específica e, para isso, a nutrição vai contribuir para fortalecê-lo”, afirmou Karine Beck, reforçando que nenhum alimento atua de forma isolada. Em tempos de pandemia, conforme frisou, muitas pessoas começam a buscar suplementos, shots imunológicos e outros produtos, sem prescrição médica. “De fato, existem algumas vitaminas minerais que colaboram neste suporte. Vitamina A, vitaminas do complexo B e a vitamina C, por exemplo. Alguns estudos mostram que a suplementação de vitamina C tem um potencial no fortalecimento do sistema imunológico, então seria adequada”, explicou.
Mas mas diferente do que está acontecendo, a especialista informou que a suplementação não necessariamente deve partir de um produto manipulado ou comprado na farmácia. “Os alimentos são extremamente ricos em vitamina C, em especial algumas frutas como acerola e laranja”, sugeriu. Para além disso, a suplementação só deve ser considerada em casos específicos, como em indivíduos que possuem alguma deficiência que não é sanada através da alimentação. Outra dica valiosa é a adoção da alimentação saudável, baseada em melhores escolhas alimentares. Neste caso, a premissa “Desembale menos e descasque mais” é essencial, segundo Karine Beck, para o entendimento da população em geral a respeito de uma dieta mais saudável.
A professora encerrou a explanação, que fez parte do projeto “Todo dia é dia de live”, da Rede UniFTC, reforçando a importância de se programar a semana alimentar, para evitar o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras e nocivos à saúde. “O momento que estamos vivendo hoje acaba nos levando a consumir mais alimentos industrializados. O importante é nos programar para que termos alimentos in natura ou minimamente processados, diariamente”, concluiu.
Todo dia é dia de live na UniFTC
A transmissão online feita pelo professor André de Jesus faz parte da programação de lives que estão sendo oferecidas diariamente pela Rede UniFTC. Através do projeto Todo Dia é Dia de Live, a instituição está trazendo docentes de todas as áreas para abordar temas relativos à pandemia a partir de perspectivas diversas.
As lives acontecem de segunda à sexta-feira, exceto nos feriados, na página oficial da instituição no Instagram – @uniftc. Confira a programação completa do mês de maio e se programe!