Janeiro é o mês dedicado ao combate e conscientização da Hanseníase, doença crônica transmitida pelo bacilo Micobacterium leprae que pode causar lesões neurais e dermatológicas e que coloca o Brasil na segunda posição do ranking mundial, atrás apenas da Índia. Dados do Ministério da Saúde afirmam que, anualmente, são registrados 30 mil novos casos em todo o País. Apesar disso, na capital baiana, houve uma queda de 16% nos casos registrados nos últimos três anos, se comparados aos dados do Brasil.
Embora a notícia seja otimista, é importante manter o alerta. De acordo com a dermatologista Taís Valverde, que atua no Instituto de Treinamento em Cadáver (ITC), parceiro do Centro Universitário UniFTC Salvador, os números não devem fazer com que a atenção e preocupação sobre a doença sejam diminuídos. “É uma doença que tem um longo período de incubação, ou seja, os primeiros sinais e sintomas podem demorar entre dois e sete anos para aparecer. Além disso, muitas lesões na fase inicial são pouco sintomáticas e passam despercebidas pelo doente, que demora muitas vezes para procurar o profissional médico”, afirma ela.
A contaminação pelo bacilo acontece por vias respiratórias e a especialista explica que o diagnóstico precoce é, ainda, a melhor maneira de prevenir a doença. Para isso é importante que o paciente esteja atento a alguns sintomas. “O diagnóstico precoce, o tratamento adequado e a investigação dos contatos que convivem ou conviveram, residem ou residiram, de forma prolongada, com o caso novo diagnosticado de hanseníase são as principais formas de prevenção”, diz a dermatologista.
De acordo com Taís, manchas brancas, vermelhas ou marrons com perda da sensibilidade local devem ser avaliadas. “Como a Hanseníase pode também atingir os nervos, estas manchas podem vir acompanhadas de formigamentos ou até dor no trajeto do nervo afetado. Também é comum se apresentar através de nódulos ou caroços avermelhados e muitas vezes dolorosos”, destaca a médica.
A Hanseníase é uma doença que tem cura. O tratamento pode durar até um ano, é totalmente gratuito e fornecido, exclusivamente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para ter acesso ao tratamento o paciente precisa de uma solicitação médica, geralmente fornecida por um Dermatologista. “Após as primeiras doses do tratamento o indivíduo já não transmite mais a doença e ao contrário do que ocorria em tempos anteriores, o paciente não precisa ficar em isolamento”, diz Tais Valverde.