Para os leigos, o termo “Transtorno do Espectro Autista”  pode ser interpretado como um nome “rebuscado” para Autismo. Mas, segundo a mestre e doutoranda em Ciências Fisiológicas que estuda o assunto, e professora do curso de Nutrição da UniFTC Jequié, Anne Karoline Pereira Brito, a palavra “autismo”  hoje é inadequada. Pois, segundo ela, o TEA compreende a uma gama de condições que podem variar de um indivíduo para outro, de acordo com o grau. 

Esse foi o primeiro esclarecimento trazido por Anne na participação no programa da Rede FTC “Todo dia é dia de live”. Em seguida,  a professora  destacou que “o TEA  tem como característica principal o comprometimento do desenvolvimento neuromotor da criança”. Ela citou uma série de características e estereotipias que também estão relacionadas ao transtorno, como: dificuldade na socialização, em tomar decisões, fazer planejamentos, realizar atividades que requerem atenção; apresentar comportamentos distintos (andar muito nas pontas dos pés, movimentar as mãos com veemência, formas diferentes de brincadeiras, repetição de gestos). 

Por isso, a criança deve passar por um leque de testes e protocolos complementares, para que a condição seja diagnosticada de forma fidedigna. “Quando o diagnóstico é feito na época certa e por uma equipe multiprofissional, a chance de sucesso para educação da criança, para compreensão e para socialização é muito maior do que quando esse diagnóstico é feito erroneamente, ou só pelo olhar de um único profissional”, pontua a professora ao avaliar os impactos do diagnóstico no desenvolvimento da criança.

Aspectos Nutricionais

No decorrer da live, Anne afirmou que alguns estudos alegam que as crianças com TEA são mais propensas a desenvolver comportamentos seletivos e aversivos aos alimentos. E que podem apresentar também compulsão: comer um alimento velozmente e passar o resto do dia sem querer se alimentar.

No entanto, a professora lembrou que o desenvolvimento desse tipo de comportamento não é genético. “O ambiente vai influenciar muito em como essas escolhas alimentares vão se dar ao longo do tempo”, explica. 

E então, ela trouxe uma informação interessante: o hábito alimentar da criança é formado no período gestacional. “Próximo da vigésima quarta semana, a criança já consegue sentir o gosto dos alimentos que a mãe ingere por meio do líquido amniótico”. Por isso, a importância da mãe escolher bem  o que vai oferecer para  o bebê desde o momento em que ele ainda está dentro da barriga, cuidado que deve permanecer durante a infância.

Antes de finalizar, a pesquisadora apresentou ainda um alerta: não existe uma dieta padrão. É preciso avaliar a condição de cada criança! Só é sugerida a restrição, a retirada ou a substituição de alimentos, “se a criança apresentar algum tipo de intolerância ou alergia”.