A pandemia da COVID-19 tem deixado muita gente em pânico. Além dos números espantosos de vítimas por todo o mundo, notícias falsas estão contribuindo para essa atmosfera de medo, insegurança e incertezas. Infelizmente, há pessoas produzindo conteúdo de forma mal-intencionada e outras milhares compartilhando sem checar a veracidade dos fatos.
Incomodada com essa prática irresponsável, a UniFTC de Vitória da Conquista convocou professores da unidade para avaliar algumas das diversas publicações que estão circulando nas redes sociais e em grupos de discussão. Veja, a seguir, a análise de 4 notícias:
1- Descoberta a cura da Pandemia: Cloroquina
O uso da cloroquina no tratamento de pacientes com quadro grave da COVID-19 ganhou as manchetes nas últimas semanas, por parecer promissor, diante de testes que foram feitos. No entanto, o farmacêutico bioquímico e professor da UniFTC Matheus Santos destaca que, para a Organização Mundial de Saúde, “ainda não existe dados relevantes que possam comprovar eficácia em todos os casos da síndrome da angústia respiratória grave”. Segundo o professor, a OMS recomendou que novas pesquisas sejam feitas, com uma amostragem mais significativa.
Até lá, o medicamento não deve ser usado sem prescrição médica. Matheus ressalta que é preciso cautela, pois a cloroquina “é capaz de provocar efeitos colaterais graves na retina, se for usado de forma indiscriminada”.
E tem outra questão! A cloroquina é usada, há muito tempo, no tratamento da malária e de doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide. Logo, ele pede às pessoas que não fazem parte desse grupo que não comprem o medicamento. “Deixem para aqueles que precisam ou para pacientes graves que, em caso de comprometimento respiratório, possam necessitar”.
2- Receita milagrosa combate o SARS-Cov-2
Segundo a nutricionista e professora Gabriela Madureira, não há comprovação científica da eficácia de nenhuma receita ou remédio caseiro no combate à COVID-19. Ela alerta: “esses ‘remédios’ podem induzir pessoas ao erro, inclusive, podendo se intoxicar com substâncias que não possuem efeito benéfico ao organismo”.
A professora Gabriela lembra que, para combater esse tipo de Fake News, a Organização Mundial de Saúde adverte que somente tratamentos médicos podem combater a doença causada pelo novo coronavírus.
No entanto, é possível fortalecer a imunidade com uma alimentação balanceada. Saiba mais em: Especialista dá dicas de alimentação durante a pandemia.
3- Ibuprofeno agrava o quadro da Covid -19
No mês passado, algumas pesquisas foram divulgadas destacando os riscos do uso do Ibuprofeno para pessoas contaminadas com o novo coronavírus. Diante da discussão, a Organização Mundial de Saúde recomendou que os pacientes diagnosticados não deveriam tomar o remédio sem orientação médica. Contudo, dias depois, a OMS recuou na decisão e retirou a restrição, afirmando que, com base nas informações disponíveis, a organização não tem recomendação contrária ao uso do medicamento.
Essa mudança repentina gerou receio na população. Mas, o especialista em saúde pública, Matheus Marques, reforça: “Esses estudos ainda são muito primordiais e ainda não há uma evidência que comprove. Por essa falta de embasamento científico, a Organização Mundial de Saúde voltou atrás, permitindo o uso do Ibuprofeno”.
4- Cães e gatos são diagnosticados com novo coronavírus (É NEWS!)
Os docentes do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Vitória da Conquista estão indignados com esse boato. Segundo o médico veterinário Gilmar Lopes, não existem evidências de que cães e gatos sejam susceptíveis à COVID 19 ou que possam transmitir aos humanos nenhum tipo de Coronavírus. “Cães são acometidos por coronavírus de cães e gatos por coronavírus de gatos. Eles não transmitem COVID -19 ou nenhum outro tipo de coronavírus aos seres humanos”, complementou professor Gilmar.
O também médico veterinário e professor da casa, Luiz di Paolo Maggitti Junior explica que existem vários tipos de coronavírus, de gêneros diferentes: “O dos animais é o gênero Alphavírus e o gênero que está acometendo os seres humanos é o gênero Betavírus”.
Como identificar as Fake News?
Por essas e muitas outras notícias falsas que estão sendo reproduzidas por aí, que necessitamos dar uma atenção maior às publicações que recebemos, antes de compartilhá-las ou mesmo de se desesperar.
A jornalista, mestre em comunicação e professora do curso de Publicidade e Propaganda, Aline Pinto Luz, dá uma dica simples de como iniciar a verificação: “É muito importante não ler só o título e sim, ler o texto inteiro pra fazer a identificação de quais são todas as informações contidas ali”.
Outro ponto que Aline frisa é a checagem da fonte, da autoria da notícia: “De repente, você pode digitar a notícia que recebeu no próprio Google pra fazer uma breve investigação, se já tem algum indício ou indicativo de que ela é falsa ou que ela é verdadeira”. Isso vale tanto para texto, quanto para fotos e vídeos.
Uma forma ainda mais fácil é perguntar à pessoa que encaminhou a publicação de quem ela recebeu o link, por exemplo. Com essas atitudes, você já estará evitando que outros sejam atingidos por informações equivocadas. Faça sua parte!